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lundi 17 juillet 2023

Caminhos retos - Precisamos meditar e orar

Há momentos em que precisamos nos recolher para meditar com sinceros propósitos de analisar os acontecimentos à nossa volta, para que consigamos encontrar uma solução equilibrada e decente para enfrentá-los e resolvê-los. Justamente aí, se nos apresenta sublime oportunidade de reflexão e análise das diversas formas que temos para enfrentar os problemas com maior maturidade, pois, em meditando com calma, orando com fé e solicitando a inspiração dos Amigos do Além, certamente obteremos a necessária ajuda para então procedermos no trabalho de resolução das questões pendentes.

Claro que os Espíritos Amigos não estarão fazendo o que nos compete realizar, mas estarão nos dando a devida inspiração, e, também, intuindo outras pessoas, de forma a nos ajudarem para que tudo possa ser resolvido da melhor forma para todos os envolvidos.

Em O Evangelho segundo o Espiritismo, os Emissários Celestes nos instruem de forma bem clara e simples sobre o assunto, conforme segue:

“11. Pela prece, obtém o homem o concurso dos bons Espíritos que acorrem a sustentá-lo em suas boas resoluções e a inspirar-lhe ideias sãs. Ele adquire, desse modo, a força moral necessária a vencer as dificuldades e a volver ao caminho reto, se deste se afastou. Por esse meio, pode também desviar de si os males que atrairia pelas suas próprias faltas. Um homem, por exemplo, vê arruinada a sua saúde, em consequência de excessos a que se entregou, e arrasta, até o termo de seus dias, uma vida de sofrimento: terá ele o direito de queixar-se, se não obtiver a cura que deseja? Não, pois que houvera podido encontrar na prece a força de resistir às tentações”. (1)

Pelo exposto, podemos facilmente compreender que não estamos entregues à própria sorte como muitos ainda pensam. Teremos a necessária ajuda sempre que solicitarmos com toda fé em alcançá-la, meditando e orando com humildade de quem sabe que nada é capaz sem a permissão de Deus, nosso Pai e Criador, só precisamos atentar para o fato de que os Espíritos Amigos só fazem o que lhes é permitido fazer, deixando ao solicitante a decisão de seguir ou não as inspirações que lhes chegarem, respeitando o livre-arbítrio de cada criatura, conforme segue. 

(...) Ora, aqui, facilmente se concebe a ação da prece, visto ter por efeito atrair a salutar inspiração dos Espíritos bons, granjear deles força para resistir aos maus pensamentos, cuja realização nos pode ser funesta. Nesse caso, o que eles fazem não é afastar de nós o mal, porém, sim, desviar-nos a nós do mau pensamento que nos pode causar dano; eles em nada obstam ao cumprimento dos decretos de Deus, nem suspendem o curso das leis da Natureza; apenas evitam que as infrinjamos, dirigindo o nosso livre-arbítrio. Agem, contudo, à nossa revelia, de maneira imperceptível, para nos não subjugar a vontade. O homem se acha então na posição de um que solicita bons conselhos e os põe em prática, mas conservando a liberdade de segui-los, ou não. Quer Deus que seja assim, para que aquele tenha a responsabilidade dos seus atos e o mérito da escolha entre o bem e o mal. É isso o que o homem pode estar sempre certo de receber, se o pedir com fervor, sendo, pois, a isso que se podem, sobretudo, aplicar estas palavras: "Pedi e obtereis". (2)

Que possamos ter a necessária tranquilidade nos momentos de aflições e dificuldades, para buscarmos as melhores inspirações dos bons Amigos Celestes, através da concentração e da prece, para que possamos encontrar nas horas em que precisarmos a melhor solução para nossas necessidades.
 
Fontes:

Francisco Rebouças, Precisamos meditar e orar – O Consolador, N.º 186 – 28/11/2010

(1) Kardec Allan, Livro: O Evangelho segundo o Espiritismo, (cap. XXVII), (Item 11).

(2) Kardec Allan, Livro: O Evangelho segundo o Espiritismo, (cap. XXVII), (Item 12).

Caminhos retos - Campo fértil de transformação


Valho-me de extraordinário trecho de Léon Denis, no livro Depois da Morte (edição CELD), constante no capítulo 50 – Resignação na Adversidade (Quinta Parte – O Caminho Reto), onde o autor considera a importância da dor. 

Acompanhe:

“(...) A dor, sob suas múltiplas formas, é o remédio supremo para as imperfeições, para as enfermidades da alma. Sem ela não é possível a cura. Assim como as moléstias orgânicas são muitas vezes resultantes dos nossos excessos, assim também as provas morais que nos atingem são consequentes das nossas faltas passadas. Cedo ou tarde, essas faltas recairão sobre nós com suas deduções lógicas. É a lei de justiça, de equilíbrio moral. Saibamos aceitar os seus efeitos como se fossem remédios amargos, operações dolorosas que devem restituir a saúde, a agilidade ao nosso corpo.
Embora sejamos acabrunhados pelos desgostos, pelas humilhações e pela ruína, devemos sempre suportá-los com paciência. (...) pela ação da dor, larga tudo o que é impuro e mau, todos os apetites grosseiros, vícios e paixões, tudo o que vem da terra e deve para ela voltar. A adversidade é uma grande escola, um campo fértil em transformações. Sob seu influxo, as paixões más convertem-se pouco a pouco em paixões generosas, em amor do bem. Nada fica perdido. 
Mas essa transformação é lenta e dificultosa, pois só pode ser operada pelo sofrimento, pela luta constante contra o mal, pelo nosso próprio sacrifício. Graças a estes, a alma adquire a experiência e a sabedoria. Os seus frutos verdes e amargos convertem-se, sob a ação regeneradora da prova, sob os raios do Sol divino, em frutos doces, aromáticos, amadurecidos, que devem ser colhidos em mundos superiores. (...)”.
Sugiro ao leitor reler o trecho em destaque. A partir do pensamento inicial: “as moléstias orgânicas são muitas vezes resultantes dos nossos excessos, assim também as provas morais que nos atingem são consequentes das nossas faltas passadas”, que deve merecer nossa atenção; o trecho todo traz preciosos ensinamentos para compreender o sofrimento pela dor.
Inclusive, na consideração coletiva, como o que ocorre com as adversidades enfrentadas pelo país.

Orson Peter Carrara, Campo fértil de transformação – O Consolador, N.º 758 – 06/02/2022

Caminhos retos - A porta estreita

 Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta da perdição e espaçoso o caminho que a ela conduz, e muitos são os que por ela entram. – Quão pequena é a porta da vida! Quão apertado o caminho que a ela conduz! E quão poucos a encontram! (São Mateus, cap. VII, vv. 13 e 14.)

Muitas pessoas, até mesmo no meio espírita, interpretam ao pé da letra essa passagem do evangelho de Mateus, sobre a porta estreita, por entenderem que o homem foi punido pelo cometimento do pecado original, em desobediência aos desígnios de Deus, fazendo por merecer esse justo castigo da perda do paraíso, e que, por conseguinte, só conseguirá a salvação a peso de muitos sofrimentos, impostos por muitas dificuldades, que exigirão da criatura grandes esforços para suplantar verdadeiros suplícios e martírios com que Deus resolveu castigá-lo.

Ainda têm a velha e viciada visão do Deus cruel, vingador, irascível, que se vingava de quem não cumprisse suas determinações, condenando o desgraçado por sua desobediência a castigos dignos do mais violento e desumano carrasco terrestre, sem levar em conta certas circunstâncias como, por exemplo, quando alguém cometia algo contrário às suas Leis por pura ignorância, ou até mesmo por ter aprendido com alguém de maneira errada, e procedia conforme o que conhecia; pensamento esse, fruto do ensino religioso ultrapassado e sem coerência a que sempre esteve submetido.

Pobre infeliz, que além de ter que vencer as suas próprias dificuldades no enfrentamento das vicissitudes que lhe estão entrelaçadas, fazendo parte ativa do seu momento de crescimento, desde há muitos séculos, ainda tinha que fugir da fúria cruel e irracional do “Deus” que deveria ser seu pai amoroso e compreensivo dando-lhe exemplo de mansuetude, paz, harmonia, amor etc. etc., e não alguém tão ou mais violento e vingador quanto ele próprio.

Para desfazer esse terrível equívoco, a sabedoria divina nos enviou o Consolador Prometido por Jesus e, n’O Evangelho segundo o Espiritismo, desfrutamos da oportunidade sublime de aprender a interpretar essa mesma passagem de Mateus de uma outra maneira, com ótica diferente. Os Espíritos superiores nos esclarecem que precisamos saber antes de tudo que Deus é nosso Pai e que nos ama com o amor que nenhum ser humano é capaz de amar, consolidando na nossa doutrina as palavras proferidas pelo nosso Mestre Jesus, quando nos ensinou a orar ao “Pai nosso que está no céu”.

Se nós como pais, com a nossa acanhada visão espiritual, não aceitamos condenar um filho nosso que tenha caído em erro, pois lhe concedemos sempre nova oportunidade de se recuperar do erro, e até mesmo assumimos muitos desses erros, quitando o débito com o outro a quem nosso filho contraiu a dívida, para não assistirmos sua desventura, quanto mais esse Pai criador de tudo e de todos, detentor de todas as virtudes em grau absoluto.

Explicam-nos os mensageiros da boa nova, nessa incomparável obra, que é estreita a porta da salvação porque a grandes esforços sobre si mesmo é obrigado o homem que a queira transpor, para vencer suas más tendências, coisa a que poucos se dispõem a fazer, e que é larga a porta da perdição, porque são numerosas as paixões más que ainda trazemos arraigadas em nosso espírito milenar, e, por isso mesmo, o maior número de criaturas envereda pelo caminho do mal na hora que é chamado a escolher o caminho a trilhar usando o seu livre-arbítrio, e assumindo, portanto, as consequências das suas escolhas, representando para nós o complemento da máxima: "Muitos são os chamados e poucos os escolhidos”.

E continua o ensinamento nos esclarecendo: “Tal o estado da Humanidade terrena, porque, sendo a Terra mundo de expiação, nela predomina o mal. Quando se achar transformada, a estrada do bem será a mais frequentada. Aquelas palavras devem, pois, serem entendidas em sentido relativo e não em sentido absoluto. Se houvesse de ser esse o estado normal da Humanidade, teria Deus condenado à perdição a imensa maioria das suas criaturas, suposição inadmissível, desde que se reconheça que Deus é todo justiça e bondade”.

Mas, de que delitos esta Humanidade se houvera feito culpada para merecer tão triste sorte, no presente e no futuro, se toda ela se achasse degredada na Terra e se a alma não tivesse tido outras existências? Por que tantos entraves postos diante de seus passos? Por que essa porta tão estreita que só a muito poucos é dado transpor, se a sorte da alma é determinada para sempre, logo após a morte? Assim é que, com a unicidade da existência, o homem está sempre em contradição consigo mesmo e com a justiça de Deus. Com a anterioridade da alma e a pluralidade dos mundos, o horizonte se alarga; faz-se luz sobre os pontos mais obscuros da fé; o presente e o futuro tornam-se solidários com o passado, e só então se pode compreender toda a profundeza, toda a verdade e toda a sabedoria das máximas do Cristo.

Nem todos os que dizem: "Senhor! Senhor!” entrarão no reino dos céus.(1)

Na mesma obra acima, em seu Capítulo VI – O Cristo Consolador, João XIV, vv.15 a 17 e 26, o Espírito de Verdade vem nos trazer os esclarecimentos que nos faltavam acerca do assunto, afirmando-nos: “Mas, ingratos, os homens afastaram-se do caminho reto e largo que conduz ao reino de meu Pai e enveredaram pelas ásperas sendas da impiedade”. (2)

Em vista de tantos esclarecimentos, trazidos a lume pelo insigne codificador do Espiritismo, através do trabalho de implantação da verdade entre nós, realizado por Jesus e seus diletos colaboradores da esfera mais alta da espiritualidade superior, para que tenhamos conhecimento da verdade, pois só ela será capaz de nos libertar de nossa secular ignorância, dediquemo-nos a estudá-la com disposição, com sincera intenção de apreender seus luminosos ensinamentos com disciplina e boa vontade, e certamente compreenderemos, por fim, que Deus é manancial inesgotável de amor em benefício de todas as suas criaturas.

 Francisco Rebouças, A porta estreita – O Consolador, N.º 254 – 01/04/2012

Fontes:

(1) Kardec Allan, Livro: O Evangelho segundo o Espiritismo, (cap. XVIII)

(2) Kardec Allan, Livro: O Evangelho segundo o Espiritismo, (cap. IV)

Caminhos retos - Bilhete paternal

 Sim, meu filho, talvez por um capricho dos seus treze anos, você deseja receber um bilhete do amigo desencarnado, cujas páginas começou a ler.

Você - um menino! - solicita orientação espiritual.

Tenho escrito muitas cartas depois da morte, mas sinceramente não me recordo de haver dirigido até hoje, qualquer recado a gente verde do seu porte.

Perdoe se não lhe correspondo à expectativa.

Diz você que não espera uma história da carochinha, baseada em gênios protetores. E remata: - “Quero, Irmão X, que você me diga quais são as coisas mais importantes da vida, apontando-me aquilo de bom que devo querer e aquilo de mau que preciso evitar.”

Lembro-me, assim, de oferecer a você uma lista curiosa que um velho amigo me ofereceu, aí no mundo, precisamente quando eu tinha a sua idade.

A relação apresentava o título “Aprenda, Meu Filho”... e continha as seguintes informações:

1 – O maior e melhor amigo: “Deus”.

2 – Os melhores companheiros: “Os Pais”.

3 – A melhor casa: “O Lar”.

4 – A maior felicidade: “A Boa Consciência”.

5 – O mais belo dia: “Hoje”.

6 – O melhor tempo: “Agora”.

7 – A melhor regra para vencer: “A Disciplina”.

8 – O melhor negócio: “O Trabalho”.

9 – O melhor divertimento: “O Estudo”.

10 - A coleção mais rica: “A Das Boas Ações”.

11 – A estrada mais fácil para ser feliz: “O Caminho Reto”.

12 – A maior alegria: “Dever Cumprido”.

13 – A maior força: “O Bem”.

14 – A melhor atitude: “A Cortesia”.

15 – O maior heroísmo: “A Coragem De Ser Bom”.

16 – A maior falta: “A Mentira”.

17 – A pior pobreza: “A Preguiça”.

18 – O pior fracasso: “O Desânimo”.

19 – O maior inimigo: “O Mal”.

20 – O melhor dos esportes: “A Prática Do Bem”.

Leia esta lista de informações, sempre que você puder, e veja por si como vai indo a sua orientação.

E se quer mais um aviso de amigo velho, cada noite acrescente esta pergunta a você mesmo, depois de sua oração para o repouso:

- Que fiz hoje de bom que somente um amigo de Jesus conseguiria fazer?

Correio Mediúnico, Bilhete paternal – O Consolador, N.º 457 – 20/03/2016

Irmão X, Livro: Caminho Espírita, (cap. 21), (Chico Xavier)

Caminhos retos - O crescimento das desigualdades no planeta

Dada a gravidade de certos assuntos que envolvem atualmente a nossa civilização, bem como a incapacidade humana de equacioná-los apropriadamente, nós, articulistas, temos, então, o dever de reexaminá-los de tempos em tempos sob a luz de novos fatos e acontecimentos. Quem sabe surge daí alguma iniciativa meritória ou pelo menos alguma reflexão nessa direção. Afinal de contas, como sabiamente observa o Espírito Joanna de Ângelis, na obra Atitudes Renovadas (psicografia de Divaldo Pereira Franco), “Há muita sombra no mundo, aguardando um raio de luz que sirva de sinal de esperanças apontando rumos”.

Posto isto, recordamos que ainda continua ecoando com extrema precisão a advertência – e pelo visto assim será por um bom tempo – de Jesus Cristo sobre as enormes dificuldades humanas de praticar o desprendimento das coisas materiais, ou seja, “É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus” (Marcos, 10: 25).

O inesquecível Rabi da Galileia referia-se ao quão difícil é para as criaturas humanas de todos os tempos diminuir o anseio de ter em vez de ampliar o patrimônio subjacente às conquistas do ser. 

Com efeito, as sábias palavras do Mestre continuam absolutamente atualizadas. Na mesma linha de raciocínio, Paulo, o corajoso apóstolo dos Gentios, observou: “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (I Timóteo, 6: 10).

Nesse sentido, cumpre destacar que as revelações recentes da imprensa mundial a respeito do escândalo denominado de Paradise Papers apenas confirmam tais percepções. O obscuro episódio envolve, essencialmente, conforme apurou o jornal The Guardian, a pura e clássica fraude fiscal ou a busca de esquemas altamente favoráveis para pagamento de impostos por políticos, celebridades, corporações mundiais etc. É tão abrangente o caso que nem mesmo a rainha da Inglaterra escapou. O desafio está em deslindar o que é legal do que é ilegal – já que não há lei internacional que proíbe ninguém de investir em paraísos fiscais (tax heavens). Todavia, a revelação deste caso traz graves implicações éticas, especialmente para os personagens arrolados, que precisam ser consideradas.

A investigação que trouxe a lume mais esse escândalo mundial foi conduzida pelo Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação – isto é, 382 jornalistas de quase 100 meios de comunicação – e focou em mais de 13 milhões de documentos de paraísos fiscais que abrangem um período de quase 70 anos (1950-2016). Os resultados até aqui obtidos são no mínimo constrangedores para a biografia de pessoas de destaque no planeta (fundamentalmente ricas e badaladas), que deveriam dar bons exemplos pela posição que ocupam. Descobriu-se também que empresas multinacionais gigantescas fazem malabarismos contábeis para pagar menos impostos e assegurar, portanto, mais retorno aos seus acionistas.

No final das contas, o que veio à tona foi a comprovação, uma vez mais, da existência de um enorme fosso entre os ricos e pobres do mundo. Trata-se basicamente de um círculo vicioso que tem gerado profundas e crescentes desigualdades sociais, mas que precisa ser urgentemente enfrentado. Se os mais ricos do mundo se sentem tão incomodados em pagar mais tributos porque consideram as taxas de pagamento de impostos de renda leoninas, que se busque, então, um equilíbrio ou, no jargão dos tributaristas, “justiça fiscal”.

Mas tenhamos em mente que a sonegação e a evasão fiscal só trazem miséria, exclusão social e infelicidade, entre outros males facilmente identificáveis. Basta recordar a massa de deserdados do planeta que está batendo em todas as portas. Afinal, não é o que está acontecendo fortemente na Europa na atualidade?

As pessoas querem ter uma chance de viver dignamente, seja na África, seja na Ásia, seja na América do Norte, seja, enfim, em qualquer lugar. Há poucos dias atrás assisti a uma reportagem na maior emissora de TV aberta do nosso país retratando a situação dos sem-teto do estado do Paraná, que se abrigam às noites, por força das circunstâncias, debaixo de marquises de prédios ou lojas, e que estão sendo expulsos destes locais sem clemência. Qual foi a solução adotada? Os moradores e donos dos imóveis instalaram, assim mostrou a reportagem, toda sorte de dispositivos, vasos, ferros pontiagudos e canos de água sobre tais locais, para afastar “os indesejados vizinhos”.

Nesse afã estão contrariando flagrantemente dispositivos legais, conforme observou a OAB do referido estado. Pode-se argumentar, até com certa razão: e se tal acontecesse na frente da casa do articulista? Você não se sentiria incomodado? Sem dúvida. Na verdade, cabe-me ainda dizer que não estou isento de tal problema, pois ele também me atinge, especialmente nos finais de semana. Como afirmei antes, a miséria está em toda parte. Vencê-la é um desafio de todos nós. E no Brasil ela é altamente perturbadora, pois acaba estimulando atos e ações ilegais, sem falar da violência, que só tornam ainda mais insegura a nossa sociedade.

Por outro lado, já se tornou um truísmo afirmar que boa causa dos males que aqui grassam é decorrente da iníqua concentração de riqueza. De fato, como frisou recentemente um esclarecedor relatório da ONG, OXFAM, em nosso país, a situação é deveras degradante considerando que “apenas seis pessoas possuem riqueza equivalente ao patrimônio dos 100 milhões de brasileiros mais pobres”. E essa hecatombe econômica e social não para aí, pois “os 5% mais ricos detêm a mesma fatia de renda que os demais 95%” (as ênfases são minhas). A distância social é tão significativa que “uma trabalhadora que ganha um salário mínimo por mês levará 19 anos para receber o equivalente aos rendimentos de um super-rico em um único mês”.

O relatório afirma também que a desigualdade e a pobreza são situações evitáveis. Portanto, não dá mais para ficarmos indiferentes a tão grave problema social. Aceitar passivamente o fato de que “O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo”, não me parece algo que a espiritualidade aguarda de nós.

Analisando essa problemática, o Espírito Joanna de Ângelis, na obra Entregue-te a Deus (psicografia de Divaldo Pereira Franco), pondera que “Há, portanto, um imenso contraste entre os seres humanos, dividindo-os naqueles que tudo possuem e noutros que apenas olham e não dispõem das mesmas possibilidades”.

Como observa o Espírito Emmanuel, na obra Caminho, Verdade e Vida (psicografia de Francisco Cândido Xavier), “O dinheiro não significa um mal”. De fato, o mal está na maneira como lidamos com esse recurso. Ser escravo da riqueza, acumulá-la com cupidez, explorar os que dependem de nós e ludibriar as leis pelo desejo infrene de ter cada vez mais, não nos assegurará um futuro de paz e harmonia n’alma. Pelo contrário.

Como ensina Emmanuel, “O dinheiro que te vem às mãos, pelos caminhos retos, que só a tua consciência pode analisar à claridade divina, é um amigo que te busca a orientação sadia e o conselho humanitário. Responderás a Deus pelas diretrizes que lhe deres e ai de ti se materializares essa força benéfica no sombrio edifício da iniquidade”.

Joanna de Ângelis argumenta, no livro acima citado, que as “gloriosas conquistas da inteligência” ainda não incorporaram as “conquistas morais”. Desse modo, só por meio dessa mudança paradigmática, o ser humano poderá alcançar uma condição plena e ditosa. Concluindo, acumular excessivamente aquilo que não poderemos carregar além-túmulo não é uma atitude inteligente.

Anselmo Ferreira Vasconcelos – O crescimento das desigualdades no planeta 
                                                                                     O Consolador, N.º 551 – 21/01/2018

samedi 15 juillet 2023

Caminhos retos - Nossas marcas

 Amemo-nos, como Joana D’Arc amou a França e como
Jesus amou a Humanidade

Na Epístola aos Gálatas (6: 17), Paulo  diz: “Desde agora ninguém me moleste, porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus”.

Assim, no capítulo 8 do livro Vinha de Luz (FEB),  psicografado por Francisco Cândido Xavier, Emmanuel explica que todas as realizações humanas possuem marca própria: casa, livros, artigos, medicamentos.

Com  este raciocínio, conscientizamo-nos de que Jesus, o Espírito de maior elevação que veio à Terra, deixou-nos os seus sinais, a sua própria marca, que deve ser evidenciada não apenas numa simples cruz, mas nos ensinamentos e exemplos luminosos que Ele nos deixou.

Emmanuel enfatiza:

“Jesus forneceu padrões educativos em todas as particularidades da sua passagem pelo mundo. O Evangelho no-lo apresenta nos mais diversos quadros, junto ao trabalho, à simplicidade, ao pecado, à pobreza, à alegria, à dor, à glorificação e ao martírio. Sua atitude, em cada posição da vida, assinalou um traço novo de conduta para os aprendizes”.

Nós, seus discípulos, se aproveitarmos  com sabedoria cada instante de nossa vida terrena, no uso dos objetos transitórios, por certo que usaremos da mesma medida, quanto no que se refere aos assuntos referentes à vida eterna.

O verdadeiro cristão, e, por conseguinte, o verdadeiro espírita, há que nortear-se por uma vida de exemplos vivificantes, vigiando sempre os seus pensamentos e caminhando por caminhos retos, que lhe descortinem, sempre, uma senda de luz.

“Todos os dias, portanto, o discípulo pode encontrar recursos de salientar suas ações mais comuns com os registros de Jesus”, observa Emmanuel.

E nos recomenda:

“Quando termine cada dia, passa em revista as pequeninas experiências que partilhaste na estrada vulgar. Observa os sinais com que assinalaste os teus atos, recordando que a marca do Cristo é, fundamentalmente, aquela do sacrifício de si mesmo para o bem de todos”.

Portanto, façamos da nossa vida um roteiro de luz. Renovemo-nos. Amemo-nos, como Joana D’Arc amou a França e como Jesus amou a Humanidade.

“Feliz aquele que ama, porque não  conhece as angústias da alma, nem as do corpo! Seus pés são leves, e ele vive como transportado fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou esta palavra divina – amor – fez estremecerem os povos, e os mártires, ébrios de esperança, desceram ao circo.” (O Evangelho segundo o Espiritismo (Edições FEESP, capítulo XI, item 8.)

Altamirando Carneiro – Nossas marcas – O Consolador, N.º 178 – 03/10/2010

Caminhos retos - Para onde estamos lançando as nossas redes

O momento presente para nós, Espíritos encarnados, é de extrema importância devido aos esforços empreendidos pelo mundo maior no sentido de separar “o joio do trigo”. 

As mensagens do além-túmulo têm sido contundentes a respeito da gravidade da hora em curso. Com efeito, o planeta está sob intenso ataque das falanges do mal, basta observarmos as dificuldades de implantação de ideias benignas em praticamente todos os quadrantes. 

Protestos, discursos inflamados (nem sempre fundamentados no bom senso), escaramuças em vias públicas e, acima de tudo, desrespeito, abundam no planeta. As evidências diuturnas indicam que a civilização humana vive um delicado estágio de inflexão comprovado pelos crescentes desatinos.

Posto isto, o autoexame comportamental é indispensável. 

Nesse sentido, o Espírito Emmanuel brindou-nos com uma elevada mensagem de advertência a respeito da direção que estamos tomando em nossas vidas. Refiro-me ao capítulo 21 da obra Caminho, Verdade e Vida (psicografia de Francisco Cândido Xavier). Mais especificamente, o sábio mentor examina a seguinte passagem do Evangelho: “E ele lhes disse: Lançai a rede para a banda direita do barco e achareis” (João, 21: 6).

Em termos figurativos, Emmanuel sugere que a criatura humana seria uma espécie de “pescador”. De acordo com o seu pensamento luminoso, estamos basicamente pescando os “valores evolutivos, na escola regeneradora da Terra”. Nessa premissa, portanto, a nossa posição perante a vida reflete o “barco”. Diante disso, a cada jornada diária levantamos juntamente com a nossa “rede” de preocupações e interesses. 

Mas reside aí a questão-chave levantada pelo respeitável orientador: estamos lançando a nossa rede para a “banda direita”?

Ora, a banda direita, nessa avaliação, representa, por exemplo, a perseguição aos ideais superiores da vida, aos caminhos retos, à conduta sem peias e ao olhar compassivo. Dito de outra forma, a criatura humana deveria se perguntar todos os dias como vem pautando a sua existência corpórea. Emmanuel apropriadamente recomenda que “A vida deveria constituir, por parte de todos nós, rigorosa observância dos sagrados interesses de Deus”. No entanto, de modo geral, observa-se ainda considerável distanciamento da criatura em relação ao Criador. Basta observar as enormes dificuldades à materialização dos ideais divinos no planeta. Consideremos igualmente que há muita infelicidade na Terra, a despeito dos expressivos avanços tecnológicos e da fenomenal geração de riqueza.

Apesar disso, vê-se cada vez mais o colapso dos parâmetros e indicadores sociais críticos como: saúde, emprego, renda, violência, por exemplo, em detrimento dos próprios indivíduos e das suas necessidades elementares. O “pão” continua sendo muito mal distribuído no planeta. Em decorrência disso, temos as crescentes imagens da miséria e penúria humana. Em suma, nossa civilização não dá conta – e nem se empenha – de abrigar adequadamente todos os seus componentes.

Como tal anomalia não se configura por acaso, cabe a pergunta: estamos contribuindo para o sofrimento dos nossos semelhantes? Aceitamos posições hierárquicas ou papéis sociais que fomentam o mal-estar geral só para nos beneficiar? Como elucida Emmanuel: 

“Frequentemente, porém, a criatura busca sobrepor-se aos desígnios divinos”. Não é difícil compreender que os desígnios celestiais são voltados ao amor, e, como tal, não tem pacto com o egoísmo e a exploração. No entanto, é revelador analisar esse aspecto pelo ângulo coletivo. Uma pesquisa recente do Instituto Gallup sobre o estabelecimento do programa de renda mínima universal – que deveria, em tese, ter a aceitação e apoio incondicional - em três países, Estados Unidos, Reino Unido e Canadá, detectou que apenas 43%, 77% e 75% dos respondentes, respectivamente, são favoráveis a tal medida. Ou seja, uma ideia benfazeja, que poderia mitigar muitos males sociais decorrentes da injusta distribuição de renda, não é, paradoxalmente, vista como uma prioridade absoluta.

Contudo, se estamos lançando as nossas redes de interesses na direção das sombras, é certo que “Estabelece-se, então, o desequilíbrio, porque ninguém enganará a Divina Lei. E o homem sofre, compulsoriamente, na tarefa de reparação”, conforme explica Emmanuel. Não é de se estranhar, desse modo, que na atualidade vejamos chocantes expiações coletivas.

Outras questões merecem igualmente a nossa reflexão. Ou seja, a rede dos nossos pensamentos e atos está direcionada, como sugere Emmanuel, para a “verdadeira justiça”? Os tópicos são pertinentes, já que tendemos atavicamente a nos colocar à frente de tudo e de todos quando os nossos interesses são, por alguma razão, supostamente ameaçados. Nessa forma de pensar obtusa e mesquinha, o que importa realmente é a satisfação de obter ganhos não importando se merecidos ou não. Mas, graças ao profícuo trabalho de Allan Kardec, sabemos que o indivíduo voltado ao bem pensa e age coerentemente nesse caminho. No capítulo 17, item 3, da sua altamente esclarecedora obra O Evangelho segundo o Espiritismo, o codificador delineia o comportamento ideal. Suas inspiradas observações descrevem o significado de uma conduta respeitável e digna, que pode servir perfeitamente como bússola moral a todos que desejam lançar as redes na banda direita.

Por sua vez, Emmanuel orienta-nos para o imperativo de consultar “a vida interior, em esforço diário”. Com efeito, o que geramos em nossa tela mental? Nossas ideias e cogitações íntimas são saudáveis? Visam ao bem maior ou se circunscrevem aos vícios ou à busca da realização de aspirações doentias? Há pessoas no mundo “matando” outras mentalmente, só porque não conseguem conviver com os que pensam ou agem diferentemente dos seus valores.
Não é mais novidade que a psicosfera planetária está impregnada de vibrações tóxicas expelidas por nós humanos, simplesmente porque não cuidamos dos nossos recursos mentais a contento.

Em síntese, como observa o Espírito Joanna de Ângelis, na obra Dias Gloriosos (psicografia de Divaldo Pereira Franco), respiramos a atmosfera saturada pelo nosso psiquismo, isto é, de acordo com as nossas irradiações mentais. Desse modo, ao buscarmos atingir planos elevados da espiritualidade, obviamente nos nutriremos de energia pura e saudável. Mas, ao optarmos por afundar nos fossos dos desejos brutais, de natureza voluptuosa, haveremos certamente de nos intoxicar devido às emanações pestilentas dali emanadas.

Seguindo essa linha de raciocínio, a metáfora da rede aplica-se também ao conteúdo da nossa fala e sobre o que escrevemos. Assim me refiro porque, como se sabe, as pessoas usam intensamente – diria até exageradamente - as inúmeras plataformas sociais e ferramentas digitais, no presente século, para se comunicar e expressar as suas opiniões, gostos e visões. Lato senso, a “fala humana” é disseminada por vários meios – quase sempre sem os necessários filtros da discrição e do comedimento. Por conseguinte, um contingente assustador de indivíduos declara, sem o menor pudor, as suas preferências sexuais, manias e bizarrices. Tem-se a nítida impressão que virou moda expor a própria intimidade, bem como os desajustes comportamentais, como se fossem coisas banais.

O resultado disso tudo é uma “fala” amplamente contaminada e degenerada. Externa-se o que pensa sem os devidos freios da razão, da ética e do equilíbrio. Triste tempo em que vivemos! A rigor, a nossa boca só deveria emitir palavras cordatas, pensamentos elevados, assim como ideias e argumentos lógicos e racionais. No entanto, a falta de bom senso abriu as portas à libertinagem e irresponsabilidade de vários matizes. Sobre tais disparates temos de admitir que Jesus foi preciso ao observar que “O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem” (Mateus, 15: 11). Desse modo, que as nossas expressões mirem sempre a banda direita. 

Portanto, que de nossa boca – e, por extensão, dos nossos escritos – saiam apenas palavras e comentários edificantes e construtivos, que foquem sempre na disseminação do bem, justiça e respeito mútuo.

Por outro lado, para que a nossa rede seja abençoada, é preciso ampliar a qualidade das nossas conexões com os semelhantes. Em outras palavras, elas devem primar pelo teor positivo, empático e solidário. Há muita carência de amor, reconhecimento, e de oportunidades na face do planeta. 

Sem exagero, bilhões de pessoas estão lutando com extrema dificuldade para sobreviver. Assim sendo, tudo o que pudermos fazer para aliviá-las será certamente reconhecido pela providência divina.

Pequenos gestos como o sorriso, o aperto de mão, as palavras incentivadoras ou a capacidade de dedicarmos alguns minutos para ouvir o nosso interlocutor necessitado podem fazer enorme efeito benéfico. De maneira análoga, que a nossa participação no mundo seja voltada para colaborar, cooperar, assistir e ajudar em todas as áreas. Imbuídos de tais determinações, dificilmente erraremos em nossas intenções. Para ilustrar cabe resgatar uma experiência vivida há pouco tempo por determinada pessoa das nossas relações.

Recomendado pelo seu médico para fazer um rotineiro exame de saúde (endoscopia), ele agendou o procedimento num grande laboratório de São Paulo. No dia aprazado compareceu à unidade determinada acompanhado da senhora sua mãe (por exigência do laboratório, o paciente não podia estar sozinho).

Preenchidos os papéis e obtida a respectiva autorização do plano de saúde para o exame, meu amigo foi encaminhado ao andar solicitado. 

Alguns minutos depois, um enfermeiro pediu-lhe que retornasse ao setor de atendimento para esclarecimentos. Surpresos, ele e a mãezinha (octogenária) retornaram à atendente. Ainda mais surpresos foram encaminhados para conversar com o gestor da unidade. O rapaz, muito sem graça, comunicou-lhes que o exame não poderia ser feito devido à idade da acompanhante. 

Meu amigo contra-argumentou afirmando que quem iria fazer o exame era ele não a genitora. Que poderia ficar, em caso de necessidade, um pouco mais de tempo na unidade para uma eventual recuperação, e que, finalmente, não tinha outra pessoa para acompanhá-lo.

O gestor ouviu-o e disse que tentaria agendar o exame para outra data, já que a decisão do cancelamento do exame era exclusivamente médica. Curioso nisso tudo é que meu amigo não viu a médica responsável, mas ela sabia da idade da sua mãe – sinal de que alguém havia lhe relatado. Em suma, ele não conseguiu fazer o referido exame. Apesar de apelar para o incontestável fato do crescente envelhecimento da população, ele não foi atendido. 

Prevaleceu o despreparo e radicalismo do laboratório, que não conseguiu divisar um fenômeno demográfico saliente no país e nem tampouco manifestou o desejo de encontrar uma solução viável para as necessidades médicas do meu amigo. Em termos mais concretos, a intolerância e intransigência da médica venceram. Ao meu amigo e sua mãe restou apenas a sensação amarga de serem alvos de desrespeito e desconsideração.

Em decorrência da indesejável experiência, ele foi a outro laboratório e fez o exame. Mas pagou para outra pessoa mais nova acompanhá-lo, a fim de evitar eventuais aborrecimentos. O caso descrito acima serve, até certo ponto, para avaliarmos se as nossas conexões – inclusive as institucionais – são calcadas pela empatia e o firme desejo de sermos úteis e solícitos aos irmãos e irmãs de jornada. Oxalá que a nossa redezinha seja sempre atirada para ajudar os aflitos e em necessidade, não para prejudicar.

Segue daí outra variável relevante, isto é, os nossos propósitos na vida. Colocado de maneira mais objetiva: quais são as nossas metas e objetivos na presente encarnação? 

De fato, devemos ponderar com muita responsabilidade a respeito do que pretendemos, pois, seja lá o que escolhermos atingir, nos dará energia e motivação. Se forem propósitos superiores, nada a reparar, mas se forem pautados pelo mal...

Há muita gente no planeta que faz uso da sua inteligência e habilidades para subtrair e dilapidar o patrimônio alheio. É surpreendente ver a quantidade de golpes, arapucas, armadilhas e mecanismos inventados para lesar. Mentes brilhantes empregam todo o seu potencial criativo para explorar impiedosamente os seus(suas) irmãos(ãs). Outros dedicam a sua capacidade para o desenvolvimento de coisas dantescas. Há ainda aqueles que se mantêm manietados ao poder temporal como único objetivo existencial, esquecendo-se do imperativo da morte corporal e da correspondente prestação de contas.

Se o(a) amigo(a) ainda claudica no estabelecimento de nobres propósitos de vida, é hora de repensar profundamente as suas escolhas a fim de que não advenham sofrimentos posteriores. Como pondera o Espírito Joanna de Ângelis, “A aspiração do bom e do belo, da paz e da alegria sinaliza despertamento da consciência para mais altos voos”.

Ao que sabemos, Deus espera de nós nada mais nada menos do que a perfeição. Nesse sentido, há certamente muitos aspectos a melhorar. Assim considerado, que a nossa rede seja sempre atirada na banda direita da sabedoria, da comunhão com os ideais divinos, da vivência e prática de atos benéficos.
 
Anselmo Ferreira Vasconcelos – Para onde estamos lançando as nossas redes

                                                                             O Consolador, N.º 674 – 14/06/2020

mardi 13 juin 2023

Caminhos retos - Evitando a tentação

 O Livro dos Espíritos, no capítulo IX, Livro Segundo, Intervenção dos Espíritos no Mundo Corpóreo, registra a pergunta 456, de Allan Kardec:

Os Espíritos veem tudo o que fazemos?

– Podem vê-lo, pois estais incessantemente rodeados por eles. Mas cada um só vê aquelas coisas a que dirige a sua atenção, porque eles não se ocupam das que não lhes interessam.

Pergunta 458:

Que pensam de nós os Espíritos que estão ao nosso redor e nos observam?

– Isso depende. Os Espíritos levianos riem das pequenas traquinices que vos fazem e zombam das vossas impaciências. Os Espíritos sérios lamentam as vossas trapalhadas e tratam de vos ajudar.

Pergunta 459:

Os Espíritos influem sobre os nossos pensamentos e as nossas ações?

– Nesse sentido, a sua influência é maior do que supondes, porque muito frequentemente são eles que vos dirigem.

Nas respostas às perguntas 460, os Espíritos esclarecem que a nossa alma é um Espírito que pensa; que muitos pensamentos nos ocorrem, a um só tempo, sobre o mesmo assunto e frequentemente bastante contraditórios. Nesse conjunto, há sempre os nossos pensamentos e os dos Espíritos e isso nos deixa na incerteza, pois temos em nós duas ideias que se combatem.

Pergunta 461:

Como distinguir nossos próprios pensamentos dos que nos são sugeridos?

– Quando um pensamento vos é sugerido, é como uma voz que se vos fala. Os pensamentos próprios são, em geral, os que vos ocorrem no primeiro impulso. De resto, não há grande interesse para vós essa distinção, e é frequentemente útil não o saberdes: o homem age mais livremente; se decidir pelo bem, o fará de melhor vontade; se tomar o mau caminho, sua responsabilidade será maior.

O pensamento é uma força. No capítulo XIV – Os Fluidos, do livro A Gênese, Allan Kardec diz, no item 13 (Ação dos Espíritos sobre os Fluidos. Criações Fluídicas. Fotografia do Pensamento), que o pensamento e a vontade são para os Espíritos aquilo que a mão é para o homem.

O item 15 do referido capítulo esclarece que “o pensamento cria imagens fluídicas, e se reflete no envoltório perispiritual como um espelho; o pensamento toma corpo e aí se fotografa de alguma forma. Tenha o homem, por exemplo, a ideia de matar outro; embora seu corpo material esteja impassível, seu corpo fluídico é posto em ação pelo pensamento, do qual reproduz todas as variações; executa fluidicamente o gesto, o ato que tem o desígnio de cumprir; o pensamento cria a imagem da vítima, e cena inteira se pinta, como em um quadro, tal como está em seu Espírito.

É assim que os movimentos mais secretos da alma repercutem no envoltório fluídico; que uma alma pode ler em outra alma como um livro, e ver o que não é perceptível pelos olhos do corpo”.

Jesus disse: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação”. (Mateus, 26:41). E mais: “Onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”. (Mt., 6: 21.) Se obedecermos às Suas recomendações, entraremos sempre pela porta estreita, que nos conduz a caminhos retos, na longa estrada do bem e do mal.

Altamirando Carneiro – Evitando a tentação
                                                        – O Consolador, N.º 171 – 15/08/2010

lundi 12 juin 2023

Caminhos retos - Nova era

 “A ciência de Deus é a Caridade.”- Malba Tahan, no livro
“O homem que calculava”.

A condição de nosso planeta vai melhorar e isto já está em processo. Alguns estudiosos, dentre vários campos do conhecimento humano, reuniram-se para esboçar o que achavam serem princípios de atitudes mais espiritualizadas e os compilaram num documento chamado Combinados. Antes, animada confraternização ocorria.

O biólogo e a paleontóloga, atentos, escutavam a afirmativa ponderada do historiador:

― A Vida evolui sobre o tempo, como galhos frutíferos na árvore dos séculos.

A socióloga falava ao pedagogo e à psicóloga:

― Somos crianças espirituais! Esta é a melhor categoria de análise que encontro para as sociedades de nosso globo.

Imediatamente próximos, o astrônomo e o geólogo, que mantinham tranquila conversação sobre o tempo ser a dimensão espacial da eternidade, exprimiram com suave sorriso o deleite que sentiram com a resposta do pedagogo:

― Realmente, nosso planeta Terra é um Mundo escola e seu endereço é o Sistema Solar.

O economista expunha seu raciocínio ao interessado estatístico:

― O capitalismo egoísta conquista espaço através do consumismo quando muitas pessoas negligenciam o próprio cuidado mental e emocional. Vigiemos estes universos que trazemos em nós, que compõem o nosso verdadeiro capital!

O jornalista dizia ao matemático:

― Felicidade compartilhada socialmente é felicidade multiplicada.

A afirmativa estimulou no “homem que calculava” um acréscimo amigável:

― E isto é exato!

A engenheira elétrica apresentava sua opinião ao inventor e ao arquiteto:

― É a ocasião de inventarmos uma lâmpada que funcione para sempre dentro de nós mesmos.

E o agrônomo compartilhava com o administrador o princípio que o orientava:

― Colhemos o que semeamos, como causa e efeito. Semeiam-se bons afetos, colhem-se bons afetos.

Ao que o administrador buscava desenvolver:

― Então, nesta linha de pensamento, ao agir com educação sugerimos para nós educação. Correto?

Não muito distante, o físico permutava opinião com o psicanalista amigo:

 ― Embora em nosso plano físico não seja imediatamente nítido e palpável, nós permanecemos articulados às nossas próprias criações mentais, de modo que o pensamento se faz matéria.

O diálogo entre o teólogo e o músico seguia animado. Dizia o primeiro:

― Muitos são os caminhos que levam a Deus.

Ao que o segundo expôs sua opinião:

― Muitos são os caminhos e várias são as referências. No entanto, Jesus se destaca como o melhor diapasão que a humanidade recebeu.

― Inolvidável referência intelectual e moral, realmente. O Cristo revela a vida como um conjunto de nobres preocupações da alma, a fim de que marchemos para Deus pelo raciocínio e pelo coração em caminhos retos.

Do diálogo entre a médica e o enfermeiro surgiu o seguinte comentário, não sendo possível precisar a autoria:

― Jesus é o médico. No máximo, somos enfermos cuidando de outros enfermos.

A professora formada em Letras dizia enfática ao companheiro biblioteconomista, extraindo-lhe sincero sorriso:

― Deus escreve certo por linhas certas e sua caligrafia é a mais linda que eu já li! Ele pinga todos os “i”s da escr“i”ta da v“i”da.

E em prosa vibrante, o jovem ator cênico se dirigia a uma poetiza esboçando certo drama:

― Em certas ocasiões de nossa existência, a vida se afigura a arte de fazer das tripas o coração.

Ao que ela respondeu:

― Em certas ocasiões sim, em outras não.

E depois de breve pausa como se trabalhasse bem as palavras que ia proferir, disse: ― Mas sempre o Amor fará da vida a arte do encontro, mesmo que sejamos cheios de desencontros.

Um escritor, amigo da poetiza, completou-a com simplicidade, esclarecendo ao jovem ator:

 ― A vida é o contexto do encontro de cada autor com sua obra. E do Criador com a criação: há Alguém nos esperando...

O filósofo, que observava a pouca distância esta conversação e, em geral, não gostava de ser superficial no conhecimento dos fatos e das coisas, escutava os colegas com dignidade e alma de menino. Concluiu haver um Encontro Marcado e ponderou parecer-lhe que o livre-arbítrio consistia essencialmente em quando e como aceitar Deus.

Seu campo de visão alcançava também o jurista em diálogo empolgado com o cientista contábil:

― Nossa consciência é o verdadeiro tribunal divino, por isso a justiça indefectível nos acompanha em toda parte ― afiançou o jurista.

― Tudo vê, tudo ouve e tudo sabe ― validou o contabilista.

Por fim, o personagem “amigo da sabedoria” meditou, ao sobrevoar com o olhar o conclave científico no recinto, uma opinião própria que já trazia consigo de mais tempo. Eram muito evidentes os indícios da existência de uma inteligência que se manifesta no cosmos, na realidade e na vida. A cooperação, a bondade, a precisão, a ordem e a organização que se explicitam em todas as coisas são tão grandes que chegam a constituir evidências ontológicas da existência de algo suprafísico. E disse a si mesmo com tom sereno na voz:

― No universo inteiro, tudo fala de Deus.

Leandro Cosme Oliveira Couto, Nova era – O Consolador, N.º 185 – 21/11/2010

Leandro Cosme Oliveira Couto, membro da Mocidade Espírita da Associação Espírita Célia Xavier, de Belo Horizonte (MG), é Correspondente desta revista na capital mineira.

Caminhos retos - E os fins?

 “Mas nem todas as coisas edificam.” — Paulo. 
(1ª Epístola aos Coríntios, cap. 10, versículo 23.)

Sempre existiram homens indefiníveis que, se não fizeram mal a ninguém, igualmente não beneficiaram a pessoa alguma.

Examinadas nesse mesmo prisma, as coisas do caminho precisam interpretação sensata, para que se não percam na inutilidade.

É lícito ao homem dedicar-se à literatura ou aos negócios honestos do mundo e ninguém poderá contestar o caráter louvável dos que escolhem conscientemente a linha de ação individual no serviço útil. Entretanto, será justo conhecer os fins daquele que escreve ou os propósitos de quem negocia. De que valerá ao primeiro a produção de longas obras, cheias de lavores verbais e de arroubos teóricos, se as suas palavras permanecem vazias de pensamento construtivo para o plano eterno da alma? Em que aproveitará ao comerciante a fortuna imensa, conquistada através da operosidade e do cálculo, quando vive estagnada nos cofres, aguardando os desvarios dos descendentes? Em ambas as situações, não se poderia dizer que tais homens cogitavam de realizações ilícitas; todavia, perderam tempo precioso, esquecendo que as menores coisas trazem finalidade edificante.

O trabalhador cônscio das responsabilidades que lhe competem não se desvia dos caminhos retos.

Há muita aflição e amargura nas oficinas do aperfeiçoamento terrestre, porque os seus servidores cuidam, antes de tudo, dos ganhos de ordem material, olvidando os fins a que se destinam. Enquanto isso ocorre, intensificam-se projetos e experimentos, mas falta sempre a edificação justa e necessária. 

Elucidações de Emmanuel, E os fins? – O Consolador, N.º 198 – 27/02/2011 

Emmanuel, Livro: Pão Nosso, (cap. 28), (Chico Xavier)

Caminhos retos - Precisamos meditar e orar

Há momentos em que precisamos nos recolher para meditar com sinceros propósitos de analisar os acontecimentos à nossa volta, para que consig...